terça-feira, junho 20, 2006

O DEFENSOR DOS QUADRINHOS

o sociólogo foi um dos primeiros intelectuais
brasileiros a defender os gibis contra a censura moral e educativa
nas décadas de 1940 e 1950.

O que hoje é a coisa mais normal e corriqueira do mundo,já foi alvo de polêmicas e preconceito:os gibis.

Li uma reportagem sobre isso na revista "Nossa História",ano III,nº29,escrita por Gonçalo JR. sobre essa batalha que se travou no Brasil:os a favor e os contra os gibis.

Nas décadas de 1940/50,psiquiatras norte-americanos divulgavam que as revistas em quadrinhos eram responsáveis pela delinqüência,prostituição e homossesualismo.Em 1944,O MEC divulgou um relatório que afirmava que os quadrinhos causavam preguiça mental,desestimulavam a leitura de livros e a realização das tarefas escolares.Eu me lembro de já ter visto isso ser retratado no filme "Uma professora muito maluquinha",baseado em livro homônimo da Ziraldo,em que a professora,interpretada poe Letícia Sabatella,distribuía gibis entre os alunos escondido da diretora da escola e de outros professores,pois a escola condenava este tipo de leitura.
Em 1948,o editor Adolpho Aizen criou a coleção "Edições Maravilhosas",com versões quadrinhizadas de clássicos da literatura nacional e internacional.Foi então que um nova discussão surgiu:será que a quadrinhização dos clássicos não impediria que as crianças lessem os originais?Não foi o que aconteceu.Jorge Amado autorizou a quadrinhização de vários de seus livros e isso contribuiu para a popularização de seus romances,fazendo com que muitos conhecessem as edições originais.Isso se deu também porque os quadrinhos vendiam 70 mil exemplares por quinzena enquanto que os livros vendiam 3 mil exemplares em três anos.
Mas foi o sociólogo Gilberto Freyre,autor dos clássicos "Casa-Grande & Senzala" e "Sobrados e Mocambos" que mais defendeu os gibis.Ele sugeriu que Aizen adaptasse " O guarani ",de José de Alencar,para as Edições Maravilhosas.Depois,outros 53 romances nacionais foram quadrinhizados com sucesso!
Gilberto,como Deputado Federal,apartir de 1946,tornou-se o primeiro político de projeção a defender os gibis contra a censura,como meio de comunicação de massa e um auxílio na educação escolar.Inclusive,sugeriu,sem sucesso,a adaptação da Constituição de 1946 para quadrinhos,argumentando que assim ficaria mais fácil de ser compreendida pela população.

Vários foram os argumentos usados por Freyre na defesa dos gibis:

  • serviam de ponte para a leitura de livros;
  • os gibis constituiam elementos de ajuda na alfabetização e auxiliavam no ajuste da personalidade às lutas da agitada época por que passava o mundo;
  • preenchia a necessidade que tem a mente infantil de histórias de ação e de aventuras concentradas em torno da figura dos herois;
  • deve ser usada para fins educativos;
  • instrumento de divulgação das biografias dos heróis nacionais,de santos brasileiros,de sábios,das façanhas de vaqueiros do Nordeste e dos gaúchos e não apenas das aventuras de gangsters e cowboys.Entre outros.

Muitos se juntaram ao sociólogo,como o então membro da Academia Brasileira de Letras,o escritor Menotti del Picchia,que anteriormente era contra os quadrinhos.

É.Poucas pessoas sabiam deste fato tão importante em nossa História.Pensando bem,se não fosse por Gilberto Freyre,hoje,quem sabe,não seríamos chamados de gays,atrasados mentais,somente por lermos,"Mônica","X-Men","Mafalda"... E nos meios educacionais,atualmente o que mais se vê,são professores desenvolvendo trabalhos com quadrinhos,são empresas distribuindo cartilhas aos seus funcionários neste formato(só para citar,"Dando ordem na bagunça",uma cartilha oferecida às padarias),a nossa Constituição quadrinhizada...

A batalha a favor dos gibis não é contada nos livros didáticos.Infelizmente!

E COMO NÃO PODERIA DEIXAR DE FALAR...




CASA-GRANDE & SENZALA TAMBÉM FOI QUADRINHIZADA EM 1981 E RELANÇADA EM 2005 PELA GLOBAL EDITORA.

5 comentários:

João Silva disse...

Também na luta política e criticaos "quadrinhos" em POrtugal chamado BD(Banda desenhada), sã ainda importantes, através de cartoons satíricos etc(vejam o que acontecem com as ilustrações de Maomet feitas por um dinamarquês).

Com a BD, contam-se histórias, faz-se humor, se faz critica, etc enfim, a BD pode fazer tudo o que faz outro tipo de literatura.
...UMA IMAGEM VALE POR 1000 PALAVRAS!

Anônimo disse...

Concordo com você: não há muitos que saibam dessa história! Eu não sabia! E como prova cabal de que realmente era um absurdo julgar os gibis como prejudiciais, lembro que cresci lendo uma revistinha, que recebia mensalmente pelos correios, chamada "Nosso Amiguinho". Por causa dela, e só me dei conta disso muito tempo depois, tive acesso a muitas informações importantes para a minha formação! Gostei do seu blog, gostei de tudo. Se não se importa, "linkarei" o seu blog no meu, onde também já está "linkado" o da Aninha Cavalcanti, minha grande amiga.

Forte abraço e continue assim!

Anitche disse...

nossa, gibi é muito legal!!!

não só pela turma da mônica... lembro-me também do gibi do amendocreme - minha mãe comprava o amendocreme e a gente ganhava o gibi...

tinha também a de um cachorrinho, não me lembro bem o nome... lembro que eu inventava minhas próprias histórias para os personagens, mandava as cartas e ainda recebia as respostas!!! Acho que as moças da redação da revista morriam de rir com o queeu inventava.

Que bom que o Rogério te encontrou pelo meu blog!!!! Ele é um grande amigo!!!

Bom fim de semana!!!

Paz e Bem,

Eulalia disse...

Olá Gabriela, "quadrinhos" é uma forma muito agradável de insitar o gosto pela leitura, além de ser uma poderosa ferramenta para agregar valores culturais.
Adorei seu blog.
Ser mineiro é transcender os limites geográficos, bem vinda a mineiridade. Beijos

Anitche disse...

Oi, Gabriela,

O show do Kleiton e Kledir foi na Expotchê, uma feira gaúcha que se realiza todo mês de junho aqui em Brasília. Foi o máximo, a realização de um sonho!!!!

Beijos,

PS- Novidades no blog, confira!!!

Paz e Bem,