segunda-feira, agosto 05, 2013

Tudo era Histeria!



  O que é uma mulher histérica, afinal?




"Essa aí tá com falta de P*&%!"
                                         


       Popularmente falando,uma mulher histérica é o mesmo que escandalosa, 
nervosa,que grita muito,descontrolada e afins,certo?! Alguns dizem que uma mulher histérica é assim por falta de sexo!! Quem nunca ouviu isso?!
    Só que Histeria,na verdade,foi considerada uma doença até 1952! A primeira vez que ouvi falar sobre ela,foi quando li uma matéria sobre como surgiu o vibrador! (Clique na palavra "Matéria" para lê-la!)
    Acreditava-se que a Histeria era uma doença exclusivamente feminina e que era oriunda de perturbações no útero (hystera significa "útero",em grego).Seus sintomas eram: irritabilidade, insônia, tristeza, falta de apetite,choro,ansiedade e dores de cabeça. O tratamento consistia em massagear com os dedos e um pouco de óleo as vaginas das pacientes,até que estas atingissem o "paroxismo vaginal",atualmente conhecido como orgasmo (nessa época, não havia o conhecimento de que a mulher poderia sentir prazer no sexo! O sexo,para a mulher,era apenas para fins de procriação). O vibrador,então, foi criado para que não fosse necessário utilizar as mãos,já que muitos médicos começaram a apresentar lesões e câimbras,de tanto esforço repetitivo.



O primeiro vibrador ( Séc XIX)
                       


    Existe um filme que retrata bem esse assunto. Chama-se
 "Histeria: A História do Vibrador"(2011) (clique sobre o título do filme para assisti-lo online). É excelente! Não percam!
    

Histeria - A História do Vibrador (Hysteria) - Poster / Capa / Cartaz
Cartaz do filme "Histeria",exibido nos cinemas em 2012.

     
    Bom,não pretendo narrar o filme aqui,pois gostaria que vocês o assistissem! No entanto, se faz necessário ressaltar a personagem da atriz Maggie Gyllenhaal (Charlotte), que reivindica direitos iguais entre homens e mulheres e não aceita o machismo da sociedade inglesa do século XIX,que impedia que mulheres estudassem,votassem e se colocassem no mercado de trabalho. Ela não concordava com o tratamento aplicado por seu pai (o Dr. Dalrymple,interpretado pelo ator Jonathan Pryce) nas pacientes histéricas,pois achava que histeria não era uma doença propriamente dita,o que se comprovou mais tarde,tanto no filme quanto na História da Medicina. Além disso,ela própria era considerada histérica por seu pai, pois tinha um comportamento que fugia do esperado para uma moça de sua época: coordenava um centro comunitário para pessoas em situação de risco social (ou seja,trabalhava fora mesmo sendo rica) e saía pelas ruas de Londres sozinha a noite,algo muito mal visto na época. Charlotte defendia seus ideais na frente de todos,sem "papas na língua".





Charlotte (interpretada por Maggie Gyllenhaal): personagem feminista.
               
            
          Outro filme que vale muito a pena assistir e fala sobre a Histeria é o francês "Augustine"(2012),que ainda está em cartaz nos cinemas do Rio.

          Diferentemente de "Histeria", o filme é totalmente baseado em fatos reais e conta a história da jovem empregada doméstica Augustine, interpretada pela atriz e cantora SoKo (até então,desconhecida para mim!). Augustine (que se chamava Louise Augustine Gleizes,na vida real) tem uma crise que a faz se sacudir no chão,parecendo até ser epilepsia. Como consequência,um de seus olhos fica paralisado. É,então,levada por uma prima ao Hospital da Salpêtrière ,em Paris, a fim de se tratar. Seu médico é,nada mais nada menos que o Dr. Jean-Martin Charcot (interpretado pelo ator Vincent Lindon), considerado o pai da neurologia moderna, e professor de Sigmund Freud
          


Augustine (SoKo) e o Dr. Charcot (Vincent Lindon)
               


        O Dr. Charcot foi um profundo estudioso da Histeria e descobriu, por meio da hipnose, que tais sintomas tinham origem psíquica. Augustine ficou internada em Sapêtrière e,frequentemente, era levada pelo médico a congressos em várias universidades francesas para ser apresentada como objeto de pesquisa,num clima meio "freak-show". Nessas apresentações,ele a hipnotizava com o objetivo de simular uma crise. Desse modo,os demais médicos poderiam entender e fazer anotações sobre o que se passava com ela. É possível notar também que há uma relação um tanto quanto tensa e paradoxal entre médico e paciente!Mas...eu vou parar por aqui,senão acabo contando o filme para vocês! Bom,o que eu posso dizer é: vá ao cinema e assista ao filme! 
       
         Histeria, vibradores, opressão...de uma certa forma,todos esses elementos estão relacionados até hoje! Se pararmos para analisar, era muito fácil "controlar" as mulheres naquela época,classificando-as como histéricas e as depositando em manicômios para todo o sempre,a fim de impedirem que estas "se rebelassem" contra a sociedade machista vigente! Mulheres de opinião,que queriam ler,estudar,ter profissões,votar,todas eram consideradas loucas e histéricas! 
        O vibrador,que a princípio veio para "curar" a Histeria,acabou se tornando uma espécie de "libertador" da mulher,deixando a autodescoberta do prazer sexual ainda melhor! Ter um vibrador,nos tempos atuais,significa liberdade,autoestima e a não-dependência de outra pessoa para obter prazer sexual! É impressionante como há muitos homens que sentem ciúmes de um simples vibrador (hahahahaha!) e há quem pense (inclusive mulheres),que vibrador é coisa de mulher encalhada ou de lésbica. Ledo engano! Puro tabu! 

        Aprendemos muito com os filmes. Através deles, concluímos que muitas coisas fazem sentido! Portanto, ligue a TV/vá ao cinema, faça/compre a pipoca que a sessão vai começar!