sexta-feira, novembro 25, 2011

Última semana de aula de 2011-Um balanço





Boa tarde!

   Findo, nesta semana, mais um ano letivo. Venho aqui, por meio desse texto, comentá-lo, discorrer sobre esse que foi um ano letivo muito importante para mim, pois fiz a minha primeira greve como professora da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Eu e meus colegas de trabalho lutamos por melhores salários e condições de trabalho parando de lecionar por mais de 2 meses. Fomos às ruas, alguns acamparam em frente ao prédio da SEEDUC, na Rua D'Ajuda, no Centro do Rio, boicotamos o SAERJINHO, etc. Conquistamos um pequeno reajuste, mas a luta sempre continuará!

  Protesto dos Professores do Estado, em frente a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro-Julho de 2011

                       





     Contudo, na sala de aula, lamentavelmente as coisas pioraram. A leva de alunos que ingressaram este ano no Ensino Médio veio pior que a do ano passado: o número de analfabetos funcionais aumentou! Eles vieram mais fracos, mais desinteressados e mais irresponsáveis! Para se ter uma ideia do que estou falando, esse ano tive uma turma em especial( não no sentido positivo, infelizmente!) que, no 1º bimestre, TODOS (isso mesmo!), TODOS OS ALUNOS SIMPLESMENTE NÃO ENTREGARAM UM CERTO TRABALHO QUE EU HAVIA PASSADO COM UM MÊS DE ANTECEDÊNCIA! Durante o ano letivo inteirinho marquei testes e apenas 13, 15 alunos de 40 ao todo vinham fazê-los! E agora, neste momento em que escrevo essas linhas, estou diante dessa turma: passei exercícios de revisão para a prova, mas NINGUÉM FEZ NADA!
      Lamento informar-lhes de que esse é o perfil atual do estudante da Rede Estadual do RJ: veio "empurrado" da escola pública municipal( leia-se Prefeitura do Rio de Janeiro) e chegou para "nós do Estado" sem nem compreender o que lê. Não sabe, por exemplo, distinguir um e-mail de um site, uma carta de uma charge e mal sabe as quatro operações básicas da matemática! "Em compensação", canta todos os funks da moda, possui o aparelho de celular mais moderno do mercado e "pega geral". Não tem qualquer perspectiva de arrumar um bom emprego nem de cursar uma faculdade! Lamento informar-lhes mais uma vez, mas esse aluno já entrou para as estatísticas da mão-de-obra desqualificada do país. É por isso que temos o chamado "apagão" da mão-de-obra: cadê o estudo, o preparo para a vida cidadã e para o mercado de trabalho?! Desinteresse geral!
       Enquanto isso, os gringos, fugindo das crises dos EUA e da Europa, estão vindo trabalhar aqui, pois possuem a qualificação requerida para tal. Já a elite daqui paga os "São Bentos" da vida para os seus filhos, a fim de que eles sejam os melhores do mercado. Mas, e os nossos alunos??? Ah,esses estão aqui, na minha frente rindo, me pedindo para ouvirem seus MP3 players, se maquiando e achando que,se fizerem um curso aos sábados pela manhã, vão ter que abrir mão de irem às suas baladas na sexta a noite!
       É muito fácil pôr a culpa no governo e nos professores somente. Na verdade, nós professores somos também vítimas, pois temos que lidar com as consequências do despreparo das famílias dos nossos alunos. Hoje em dia, os pais só querem "parí-los" e o resto é com a gente: somos também pais postiços, mães, psicólogos, enfermeiros, e por aí vai! E ainda dizem que a gente trabalha pouco! Na boa, quem diz isso é muito idiota!
      Enfim, férias chegando! Semana que vem, só provas e recuperação! Já sei quem vai ser aprovado e que vai repetir a minha matéria. E que eu não tenha o azar de topar com um repetente no ano que vem ou será azar desse repetente ser meu aluno "again"?
   

       O "Sargento Barbosa" volta em 2012!






     












domingo, novembro 20, 2011

A ilusão de que o casamento resolverá todos os problemas

Para ler ouvindo "Look at Yourself",do Uriah Heep.


Boa noite!

     Infelizmente,em pleno século XXI,a mulher é ainda muito cobrada para se casar e ser mãe.Eu,inclusive,ainda ouço coisas do tipo:"a maior realização da mulher é ser mãe!" E nos tempos de hoje,a idade,digamos, máxima,para que isso aconteça,é aos 30 anos! Com isso,mulheres que estão na faixa dos 26, 27, 28, 29 anos, se não tiverem uma cabeça firme e embarcarem na onda de tias,amigos,primos e pais "malas-sem-alça-que-adoram-se-meter-na-sua-vida",vão acabar pirando na batatinha e entrando numa fria na busca desesperada por um marido ideal! E isso me faz lembrar muito daquela peça argentina entitulada "Não sou feliz,mas tenho marido".,que aqui no Brasil foi encenada pela atriz Zezé Polessa.
     As pessoas em geral,sejam homens ou mulheres,na nossa cultura,pensam que o casamento é uma espécie de "tábua de salvação" de todos os problemas.Há ainda quem pense e sinta que só será de fato feliz quando finalmente se casar.Ou seja,somos infelizes e a felicidade só virá ao subirmos ao altar.Será verdade?? Triste,não?!
     Quem é ou já foi casado sabe bem que não é assim que a banda toca: podemos até nos livrar de alguns problemas ao nos casarmos,mas aí adquirimos outros novos!Hahahaha,é assim mesmo.Senão,não teríamos,por exemplo,a tão conhecida "solidão a dois",que consiste em duas pessoas que vivem juntas,mas que se sentem sozinhas por vários motivos tais como: falta de parceria,amor,diálogo,afinidades e por aí vai... Há também nesse "pacote casamento" os problemas financeiros, com os filhos(caso os tenha) e os "problemas pequenos":gases a solta, tampa do vaso sanitário levantada, pasta de dente aberta, toalha molhada sobre a cama,entre outras coisas. E são justamente esses problemas pequenos que acabam,muitas vezes,por minar um casamento.


Ao nos casarmos,adquirimos novos problemas
                       

           Particularmente, detesto esses clichês do tipo "você me completa","metade da laranja",sabem por que? Porque tenho certeza de que NÃO FOMOS FEITOS INCOMPLETOS! Acho mesmo que, quem espera ser "completo" por alguém,é porque precisa urgentemente de ajuda psicológica! ACREDITO QUE TODOS NÓS SOMOS INTEIROS,MAS QUEM AINDA NÃO SE SENTE ASSIM,DEVE BUSCAR A COMPLETUDE EM SI MESMO E NÃO EM OUTRA PESSOA! Acho mesmo que o bacana de um relacionamento é estar com alguém por GOSTAR desse alguém e não por PRECISAR desse alguém! Não gosto dessa coisa da dependência afetiva! E o pior é que a maioria das pessoas acreditam mesmo nessa coisa de "metade da laranja",etc e tal.
     Semana passada assisti ao filme "Comer,Rezar,Amar",baseado em livro homônimo. A personagem Liz Gilbert(autora do livro) é interpretada pela atriz Julia Roberts. Não pretendo contar o filme,mas uma coisa me chamou bastante atenção nele: o fato de a personagem/autora do livro ser divorciada, viajar pelo mundo sozinha e causar estranhamento nas pessoas-"mas a senhora não é casada?" ,"Como tem coragem de viajar sozinha?" ,"A senhora precisa é de um marido!",entre outras frases dessa natureza,são amplamente faladas no filme. Com isso,concluo que essa mentalidade de que mulher sozinha é uma merda não é só no Brasil,mas no mundo inteiro e mulher que viaja sozinha é mal vista! Eu sei bem o que é isso pois estou nesse barco: 27 anos,solteira (bem comigo mesma,isso é o que importa!) e causando estranhamento em algumas pessoas por gostar de viajar sozinha por aí e não estar na busca desesperada por um marido! Penso em me casar um dia,sim! Mas casamento,na minha cabeça,é a consequência de um namoro bem-sucedido e não deve ser na base do desespero por ter um par!Não vou me casar pra "começar a ser feliz",como muita gente acha que assim é que tem que ser!


                                                   Trailler do filme "Comer,Rezar,Amar"




     Sabe aquela frase famosa que diz "primeiro,ame a si mesmo para depois ser amado por outra pessoa"? Acredito muito nela! Já pararam pra pensar que é quando estamos nas nossas melhores fases "us,ourselves and we" é que aparecem pessoas interessantes?? Quando estamos depressivos,parece que afastamos pessoas legais!



Pensem nisso!


Abraços a todos!



Gabriela


PS: sintam-se livres para discordarem de mim! 

quarta-feira, novembro 09, 2011

A Essência e a "Parecência"





Boa noite!

      Uma das coisas que mais me incomodam na vida, além de analfabetismo funcional, fofoca, racismo, falsidade, futilidade, entre outros itens, é o fato de uma pessoa querer parecer ser aquilo que,de fato, não é.
 
      É triste pois,se pararmos para analisar,trata-se de um grave problema de baixa autoestima: se quero parecer ser aquilo que não sou de verdade,deve ser porque não sou "coisa legal", "interessante",entre outras coisas. Tudo depende de uma questão de ponto de vista: o que é "cool" para mim,pode não ser para a maioria dos mortais e vice-versa.Darei um exemplo clássico,que tem a ver diretamente com a minha própria realidade: muitos amigos e parentes meus nutrem o sonho de morar na Barra da Tijuca (VEJAM BEM: SOU TOTALMENTE A FAVOR DE QUERERMOS MELHORAR DE VIDA,TERMOS GRANA PRA VIAJAR,COMPRARMOS CARROS,ENTRE OUTRAS COISAS,AFINAL,NÃO VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE DE CASTAS,NA QUAL SOMOS FADADOS A TERMOS A MESMA CONDIÇÃO FINANCEIRA DESDE QUE NASCEMOS ATÉ O DIA DA MORTE!) Não é disso que estou falando! Muito pelo contrário. Admiro as pessoas que trabalham com o objetivo de comprarem uma boa casa,carro,entre outras coisas.Na verdade,estou falando de algo mais profundo,que tem a ver com a nossa essência, pois tem gente que quer "parecer" rica, se endivida comprando roupas de grife e almoçando e jantando em restaurantes caríssimos,tudo isso num esforço de querer "impressionar" aqueles que os cercam.Além disso,morrem de vergonha de onde realmente moram e chegam até a mentir(por exemplo,falam que moram na Barra,enquanto moram no subúrbio,como se isso fosse a pior coisa do mundo), fingir ( que gosta de caviar,por exemplo,enquanto na verdade preferem uma boa macarronada com carne moída), tudo para que as pessoas se convençam de que ele é aquilo que parece ser! Chegam, inclusive,a fazer amizades por puro interesse,para se darem bem! As novelas e filmes geralmente abordam esse tema. Atualmente,temos a novela "Fina Estampa"(da Rede Globo), na qual o personagem José Antenor, interpretado pelo ator Caio Castro, é um exemplo clássico do tipo pessoa sobre a qual estou falando aqui.




Caio Castro interpreta José Antenor,na novela "Fina Estampa"
                               



      Na Revista do O Globo, do dia 23 de Outubro desse ano,a colunista Martha Medeiros escreveu sobre isso.O título de sua crônica é: "Pareço,logo existo". Poderia,através desse título,inferir que muita gente acha que não existe na realidade e,para "existir",precisa antes "parecer" ser algo,digamos, "interessante".Vou compartilhar essa crônica aqui com vocês:







           Eu sempre fui do tipo de pessoa que não dá importância ao que os outros pensam de mim.Sendo assim,nunca precisei da aprovação de um grupo ou de uma pessoa,parentes,etc. Querem gostar de mim,que gostem do jeitinho que eu sou! Não gosto de parecer ser algo que não sou,só para impressionar.Realmente,não faz o meu estilo,hahaha! Infelizmente,muita gente não pensa assim: sofrem com a baixa autoestima e a "PARECÊNCIA" acaba sendo mais importante do que a "ESSÊNCIA".Nega-se a si próprio em prol de status, "amigos" e de ser aceito.
            Para concluir, uma dica( pois não sou a dona da verdade):

    Se você se sente tentado a "parecer" algo que não é de fato,pare e pense: quem sou eu,afinal? Do que eu gosto? Como eu me sinto? Quem são as pessoas com as quais verdadeiramente gostaria de conviver? Depois dessa reflexão,se ainda assim não conseguir se autoafirmar,se impôr, procure um psicólogo. Antes de mais nada,APRENDA A SE ACEITAR.O dia em que isso acontecer,as pessoas que lhe cercam vão passar a gostar de você como você realmente é E VOCÊ NÃO VAI PRECISAR SE "VENDER",SE "NEGAR" EM TROCA DE APROVAÇÃO. E se,ainda assim,não te aceitarem do jeito que você é,AFASTE-SE DESSE TIPO DE GENTE:amigos de verdade nos querem como realmente somos!




Um abraço!


Gabriela