sábado, agosto 22, 2015

8 anos de carreira: memória e reflexões

   Passou rápido demais! No último dia 13, completei 8 anos de magistério! Até então, não havia me dado conta de que estou em sala de aula há tanto tempo! Consegui sobreviver, apesar dos pesares e aqui estou, depois de muitas vitórias conquistadas dia após dia.
    Essa crônica visa rememorar meus melhores e piores momentos como professora. Convidos aos leitores a me acompanharem nessa viagem ao passado! Apertem os cintos!
    Então... Comecei minha trajetória lecionando em dois famosos cursos de idiomas. Como eu adorava esse tempo! Quanta saudade! Era ótimo, mas nem fazia ideia disso! Vivia sem estresse, sem ansiedade... Minha preocupação era a de preparar aulas criativas para pessoas interessadas em aprender inglês. Trabalhava de segunda a sábado, com públicos variados: crianças, adolescentes, adultos, pessoas de meia idade e com diferentes níveis, indo do básico ao avançado! Queria cada vez mais e mais turmas, adorava participar de workshops promovidos por editoras e livrarias e aproveitei para fazer os exames de Cambridge. Tudo parecia maravilhoso e perfeito. Eu tinha gás e disposição de sobra, até um dia me dei conta de que não dava para viver somente de cursinho: algumas turmas não lotavam e consequentemente, fechavam, o que acarretava em menos grana; certos alunos reclamavam de coisas idiotas tais como a música que eu passei para eles não ser uma que estivesse nas paradas de sucesso ou que eu havia pulado uma página do livro, etc. Essas coisinhas começaram a me irritar, então comecei a arrumar alunos particulares, lecionando também português.
      E eis que um belo dia de 2009, a Secretaria do Estado de Educação me convocou. Aparentemente, meus problemas haviam acabado! Tive o privilégio de começar na rede estadual trabalhando em uma ótima escola, com uma ótima direção e alunos idem! Por ser o turno da noite, os alunos eram mais velhos e portanto, mais interessados e comportados. Lecionava para 6 turmas do Ensino Médio regular. Minhas aulas eram lúdicas, fazendo com que aqueles alunos recuperassem suas autoestimas; afinal, a maioria deles estavam há anos afastados dos bancos escolares e o sentimento de incapacidade era muito presente.
      Porém, um dia o sonho acabou: no início de 2010, a direção dessa escola me informou que eu teria que sair de lá, pois muitas turmas haviam fechado e eu, por ser a mais nova, deveria procurar um outro colégio. E lá fui eu, morrendo de medo, para a coordenadoria escolher uma nova escola, preocupadíssima em relação a onde eu iria parar. Depois de muito pesquisar, acabei ficando em duas escolas diurnas perto de minha casa, com turmas de Ensino Médio compostas por adolescentes, um público que sempre achei difícil. Tive que rever minha didática, repensar o programa e daí, encarei a nova situação. Deu tudo certo e logo me adaptei aos "teens". Em uma das escolas, a direção era ótima e me apoiava. Já na outra... Enfim, acho que os leitores entenderam, não é mesmo?
      Em 2011, consegui ficar na escola cuja direção era presente e nela estou até hoje. A cada ano, o nível de conhecimento do público piora, infelizmente! Para se ter uma ideia, em 2010, meu primeiro ano lá, eu passava seminários e os alunos faziam. Por sinal, eram excelentes apresentações! Atualmente, nem trabalhos em sala de aula alguns fazem! Meu objetivo era trabalhar a parte cultural dos países de língua inglesa através de trabalhos e pesquisas em grupo. Agora, isso se tornou cada vez mais difícil. Inclusive, sou aconselhada por colegas e direção a passar somente trabalhos para serem feitos em sala e olhe lá, pois "assim, eles fazem". Só que, conforme mencionei acima, nem sempre "assim eles fazem"!
      Em 2012, assumi uma matrícula na prefeitura da minha cidade. Se até o momento eu não sabia o que eram problemas graves em minha profissão, a partir de então passei a conhecê-los e ainda por cima, isso se deu da pior forma possível! Logo de cara, peguei 4 turmas de "projeto". Para o leitor pouco familiarizado, turmas de projeto são formadas por alunos em distorção série/idade. Ou seja, eu lidava com adolescentes que eram, em sua grande maioria, infratores, oriundos de famílias com histórico de violência e abusos, entre outras situações de risco social. Como ninguém queria essas turmas e eu era a mais nova professora da escola, sobrou pra mim esse "pepino". Eu não estava preparada para uma realidade tão pesada, com alunos brigando em sala de 5 em 5 minutos, xingando palavrões, fazendo dobraduras de armas e desenhando coisas obscenas ou violentas. A direção me aconselhava para "ignorar" o que eles faziam.
     Toda semana, no dia anterior ao de ir para essa escola, chorava muito por conta da tensão e ansiedade que tomavam conta da minha alma. Consequentemente, acabei desenvolvendo depressão por ansiedade e isso culminou em licença médica! Iniciei um tratamento que dura até o presente momento e hoje, depois de muito choro e noites mal dormidas, posso dizer que estou 80% melhor!
      Mudei de escola. Agora, leciono inglês para o 1o segmento do Ensino Fundamental. É tranquilo? De maneira nenhuma, pois as crianças chegam para a escola cada vez mais sem limites, sem educação alguma, porque seus pais acreditam ser do professor o papel de educá-los. Gritam o tempo todo e bem alto, a tal ponto de ser impossível explicar os conteúdos, ouvir uma música, ver um filme ou fazer exercícios com audios, além de não trazerem o material fornecido pela própria prefeitura: livros com conteúdo lúdico e criativo, produzidos pela Cultura Inglesa. Poderia ser maravilhoso, mas...
      Minha meta, daqui para frentre, é continuar estudando, a fim de mudar de público. Meu foco é o magistério federal, composto majoritariamente por escolas técnicas ou com graduações politécnicas. Não penso em trocar de carreira, mas sim de público, pois as escolas "comuns", tanto públicas quanto privadas, se tornaram ambientes ansiogênicos para mim!
      Também estou em busca de alunos particulares, tanto para aprenderem inglês quanto para se aperfeiçoarem na língua portuguesa. Gosto muito do que faço, mas quero lecionar para quem quer, de fato, aprender!
      Fico muito feliz quando vejo ex-alunos do Médio entrando nas universidades, mesmo que privadas. Recentemente, soube de dois ex-alunos muito queridos que estão cursando Desenho Industrial e Engenharia Civil, sendo um na estadual e o outro na federal do Rio de Janeiro.
       Então, é isso, gente! Retomando meu blog depois de meses de estudo intenso! Em breve, tem mais!
Abraços!