domingo, outubro 16, 2011

Rio e Região Metropolitana-Reflexões

    Quando se fala em Rio de Janeiro,fala-se muito em praias e em belas mulheres.Mostra-se muito a Zona Sul,mas o subúrbio,A VERDADEIRA ALMA DA CIDADE,é pouco mostrado,o que é uma grande injustiça! 
    Uns meses atrás,eu estava conversando com o Rennan,um amigo de São Gonçalo.Falávamos sobre beleza e estereótipos e ele usou um termo muito engraçado: Cara de Região Metropolitana! Só para constar,para quem não é do meu Estado, São Gonçalo é uma das cidades que pertencem à Região Metropolitana do Rio e o termo "cara de Região Metropolitana" foi definido por Rennan como sendo "cara comum",nada de muito diferente da maioria das pessoas,isto é,"CARA DE POVÃO". Criativo,não?! 
    Foi pensando nessas questões e,somando-se a isto o fato de eu ser uma suburbana com orgulho,que resolvi escrever uma listinha,sobre o que é ser um suburbano carioca! Além disso,convidei o Rennan para escrever sobre o que é ter cara de Região Metropolitana!




                                 O QUE É SER UM SUBURBANO CARIOCA?
       
       por Gabriela Barbosa





  • é acordar às 5h da manhã e encarar uma Av.Brasil engarrafada ou um trem ou metrô lotados,para estudar e/ou trabalhar;






  • é ver homens adultos correndo atrás de pipas junto com as crianças(A PIPA É MARCA REGISTRADA DO SUBÚRBIO!!!)
  • é colocar o seu banquinho/cadeira na calçada e conversar com os vizinhos no fim do dia,tudo isso apreciando as crianças soltando pipa;
  • é tomar banho de mangueira na laje ou no quintal e fazer aquele churrascão com os amigos;

  • é ir à inúmeras festas de rua:as melhores do Rio ficam no subúrbio;
  • é ir à Feira de São Cristovão,dançar forró a noite inteira;
  • é curtir um filme brasileiro no Ponto Cine,em Guadalupe;
  • é ir na "Noite do Flashback" nos diversos clubes de subúrbio e curtir uma black music;
  • é ter,infelizmente,de aturar um bando de gente metida que acha que você não tem nada de bom,de interessante pra oferecer,só porque você mora no subúrbio;
  • é ir à praia de trem e de metrô,aturando os funkeiros ouvindo música no celular,no modo viva-voz;
  • é passar um domingo na Ilha de Paquetá,fazendo aquela farofada;
  • é,não importa onde esteja,ter orgulho e JAMAIS ter vergonha de ser suburbano!

      Como vocês puderam ver,há o lado bom e o ruim de se viver aqui no subúrbio. QUERO AUMENTAR A LISTA! POR FAVOR,USE O ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS COM SUGESTÕES TAMBÉM!  

   Um abraço!

    Gabriela




       


                              Suburbanos, uni-vos?
      por Rennan Rebello


      

     Bem, a pergunta é clara, porém nada singela. Pois há duas questões que se perpetuam: “O que é ser suburbano?” e “O que é morar na Região Metropolitana?” e (des)motivado por essas indagações, eis me aqui a escrever este texto.


    Enfim, na teoria ser suburbano significa morar em um local com pessoas com menor poder aquisitivo, em lugares beirando quase a uma periferia, um lugar feio, um lugar longínquo de tudo, de todos e até do progresso como se a culpa fosse nossa (dos suburbanos). Porém, sou da Região Metropolitana. Sou de São Gonçalo e sempre quando esta cidade é descrita nos noticiários sejam eles: Locais ou Nacionais. É! (Quase) sempre assim: “Aconteceu um assassinato (roubo ou que for) em São Gonçalo na região metropolitana do Rio de Janeiro.” Sempre vem com este cunho de que coisas ruins sempre são do subúrbio ou da região metropolitana aonde se concentra o maior conglomerado de proletariados. Ou seja, na teoria é um motivo de sobrevivência e de azar morar na região metropolitana, enquanto nas áreas nobres como a Zona Sul Carioca, por exemplo. Simboliza status quo de bem sucedido ou até mesmo, culto. Enquanto nós. Somos apenas “seus empregados” sem classe e que matamos uns aos outros (Lógico que não generalizando, mas a impressão que fica é esta).


    Agora ao meu ver ser suburbano ou morador da região metropolitana significa ser mais um mortal sobre a terra mas lógico que há preconceitos dos que moram nessas regiões e nos ditos cultos da Zona “Cu” Ops! digo Sul. Eu por exemplo, sou o estereótipo de morador da região metropolitana, ando geralmente com o “(Ul)Traje Esporte-Fino” daqui: Bermudão, chinelão, camisa do Mengão, óculos escuros...

                   


    Porém curto fazer coisas que são impostas de maneira positivista para pessoas como eu. Por exemplo: Freqüento: Cinemas, teatros, recitais de poesia, exposições, livraria, bistrô. Mas não deixo de ir a butecos, shows, jogar conversa fora no meio fio de alguma travessa escura aonde sempre há um trailer que vende aquele “x-tudão” ou de ficar jogando sinuca em algum posto de gasolina enquanto encho a cara com aquelas long necks. Ou seja, eu vou para qualquer lugar (claro, se o meu bolso me permitir). Mas nada me impede de curtir a cara e esnobe zona sul ou de curtir a falsa humilde e barata região metropolitana. Logo, um empate técnico. Vivemos diferença de classes? Sim! Mas e aí? Passemos por cima, disso. Como? Vamos mostrar com atitudes que podemos ser mais do que os veículos de massa (que não são de massas) pensam que a gente é. E como? A resposta está no título mas não proponho movimentos, proponho que ao invés de reclamarmos evitarmos segregações. Vamos trocar idéias, vamos beber, vamos curtir seja com quem for. Seja rico ou pobre por tanto que haja respeito... e então para quê tanto despeito? Já que falta de respeito a gente sabe mais do que qualquer um, pois sofremos como relatei neste texto de quem tem grana e de quem não tem grana também. Eu poderia propor reuniões, que você fale mais com seu vizinho e outras baboseiras. Mas não irei propor isso porque além de “nativo” da região metropolitana e sei que isso, não existe. Somos ser humanos, temos orgulho e preconceito assim como o pessoal de áreas mais abastadas também são assim como nós mas o que os diferencia de nós é a conta bancária e o dom de fazer política, enquanto nós insistimos na “politicagem”. Resumindo a ópera somos oprimidos mas é por isso que seremos suicidas? Tá! Quando a ponte engarrafa, a vontade é de pular na (um dia, não poluída) Baía de Guanabara.

     Um brinde! A quê? A nada cara pálida, é apenas um convite para “beber e curtir” e outra não é por quê eu quero beber e curtir significa que eu sou alienado sobre o que ocorre no cotidiano que vai de guerra das classes, guerra, economia e etc mas aí é para um outro papo para quem sabe um outro texto, ou para um papo no bar de Genilson em São Gonçalo ou no calçadão de Ipanema. 

Let´s Noise!

Rennan Rebello




     



   

7 comentários:

Rennan Rebello disse...

Hehehehe... por ironia esta minha foto lendo o livro "O QUE É COMUNICAÇÃO" minha irmã tirou hoje. Mas enfim, em suma é isso. Subúrbio carioca e Região Metropolitana são assim.

O que muda são poucas coisas por exemplo, Pipa aqui é Cafifa e a Portela daqui é a Porto da Pedra ou a Viradouro pois de resto, a vida se segue assim mas vai muito além disso...

E quem é daqui também curte ler ao contrário do que muitos pensam tanto que no SESC SG há um movimento fantástico, mais aqui: http://manifestotavernista.blogspot.com/

: D

Não sei por que mas fiquei com a música "Metropolis" do Motörhead na mente: http://www.youtube.com/watch?v=ygIfES8Wfgc

ps´ Eu estava nesse show do Motörhead no Rock In Rio 2011 sendo que o ingresso não foi nada barata e tinha muito mais suburbanos de todo tipo e jeito do que gente com "pedigree" até porque somos a massa... :D

Rennan Rebello disse...

Ah! E cinema por aqui é... Box no São Gonçalo Shopping e agora Espaço Cinema no Boulevard e na cidade vizinha, Niterói (onde nasci) há o Cinemark no Plazza, Severiano Ribeiro no Bay Market e havia também o Cine Uff e o extinto Cinema Icaraí.

J.L.Tejo disse...

Bom texto. Pipa ainda tem aqui em Santa Tereza. Cadeira na calçada, eu até eventualmente vejo, mas decididamente não é recomendável. E em Santa não temos a Portela (ou melhor, o Império, minha escola), mas o ótimo Bloco do Badalo :)

O fato é que, subúrbio, centro, z. sul etc., o Rio de Janeiro é uma cidade especial.

Arthur Caldas disse...

Muito esclarecedor o artigo. Um texto que demonstra informação e paixão pelo lugar que reside. Gostei por ter citado a minha querida Portela e o meu Flamengo!

André Vieira disse...

Gostei muito, revela bem uma realidade bem comum do nosso Rio. Ficou bem feita as alfinetadas.

Florzinha disse...

Esse post me fez lembrar uma conversa que tive com um professor na FFP, em que ele me disse que quando eu já tivesse fazendo meu mestrado, e estivesse com a situação financeira melhorzinha eu deveria me mudar pra Zona Sul. Que as vizinhas dele, que mora em Botaogo, são todas velhinhas muito cultas e viajadas.
Acho mesmo que é hora da nossa Região Metropolitana, em especial SG e Itaboraí começar a se valorizar. Para isso nós precisamos tomar algumas atitudes. Eu sei que é difícil encontrar certos tipos de lazer aqui e acabamos indo nos divertir no Rio. Mas temos uma grande responsabilidade nisso. Não há mobilização da população para que haja eventos culturais em nossa cidade; nos muitos eventos de dança que frequento, o público é formado apenas por familiares, não se põe fé que alguém de SG seja um bailarino talentoso. Quando houve alguma mobilização para se elaborar um plano de cultura para o município, estranhei a ausência de muitas pessoas com peso cultural em SG. Como podemos reivindicar a construção de um teatro municipal, de uma escola municipal de dança se as pessoas mais interessadas (os profissionais da área) sequer vão às reuniões para saber do que se trata??
Enquanto não lotarmos o Teatro Carequinha (que muitos não sabem que existe), não poderemos mostrar a necessidade de um Teatro de verdade, por exemplo.
Sinto falta de muitas coisas na minha cidade, mas, principalmente, sinto falta dos gonçalenses falarem que são gonçalenses sem nenhum tipo de vergonha por não morar na Zona Sul.
E sinceramente, sentiria falta da dona Florinda, minha vizinha ranzinza e mau-educada.

Bruna Santos disse...

Bom, sou suburbana também..hahhaha e adoro!!!
Enfim, brincadeiras a parte, eu acho que os suburbanos ou moiradores da região Metropolitana são cidadãos mais informados e vividos culturalmente falando que os da Zona Sul do rio, por exemplo. Digo isso, porque nós transitamos em todos os espaços. Dá pra curtir um show na Lona Cultural de Bangu n sexta e ir a boate em Ipanema no sábado. Em geral, quem mora na Zona sul pouco vai a outros lugares da cidade, ficam isolados em seu mundnho alimentando uma mentalidade tacanha.