segunda-feira, fevereiro 02, 2015

A realização de um sonho


Castelo de Chapultepec

Basílica de Guadalupe

Museu de Antropologia

Museu Frida Kahlo

Ruínas de Teotihuacan
       

       
       Se alguém me perguntasse como e quando foi que comecei a me interessar pelo México, acho que não saberia responder com exatidão.
       Talvez tenha sido por volta dos 8 anos, quando eu me sentia na pele dos personagens da novela "Carrossel". Era como se eu estudasse na Escuela Mundial e fizesse parte daquela turma. Porém, eu era uma espécie de aluna que só observava, sem participar diretamente dos fatos, tal como um narrador observador. Eu sonhava com o México todas as noites e não era a única. A maioria das crianças da minha geração sonhava com o México, com a sua capital e seus palacetes esplendorosos! Sonhava com a professora Helena e sonhava que era mexicana. Sonhava que passava as férias em Acapulco, como o Chaves em um de seus muitos episódios hoje sabidos de cor e salteado por muitos balzaquianos e lobos brasileiros. Tudo era sonho, mas que parecia realidade.
       Talvez tenha sido ouvindo a tradicional música mariachi, que achava divertida e diferente desde pequena ou talvez pelo Santana, cuja guitarra me acordava nas manhãs de sábado, com meu pai ouvindo seus discos ou as canções do famoso guitarrista na Fluminense FM.
       Talvez tenha sido por causa da História dos povos Pré-colombianos que habitavam o México: os Mayas, os Aztecas e tantos outros. A cultura indígena está em meu sangue, tanto na ancestralidade quanto na admiração e curiosidade.
       A História do México me abriu as portas para mais conhecimento e mais sonhos. Depois de me encantar com as obras de Frida Kahlo nos museus, quis saber mais sobre a vida da pintora, repleta de tragédias e de muita melancolia. Quis experimentar a comida desse país: forte e apimentada. Quis ver muitos homens e muitas mulheres, com cabelos castanhos, lisos e brilhantes, sempre impecáveis no gel ou brilhantina. Esse povo meio índio, meio branco, meio Maya, meio Azteca, meio espanhol, a pele morena, os olhos puxados; a pele branca, os olhos verdes, azuis... o sorriso no olhar! A infância e a juventude. O rock, as músicas tradicionais. A forma peculiar de lidar com a morte. Os álbuns de fotos nos cemitérios. A tristeza se convertendo em alegria. A luta por um país melhor.
       O tempo passou e aos 30 anos, veio a oportunidade de realizar esse sonho antigo. Conhecer o mundo sempre esteve em meus planos, mas o México era aquele "país-prioridade", sabe? Ele era o primeiro da listinha, apesar de não ter sido o primeiro efetivamente. Não sei exatamente quando esse sonho começou. Acho que nasci com ele!
       Chegou a hora do sonho virar realidade, de poder me sentir parte integrante deste lugar e desta História ou de várias outras histórias que surgirão no caminho.
       Sou mexicana de coração faz tempo. O México é a segunda pátria dos latino-americanos. O Brasil é a segunda pátria dos mexicanos.
         


 E DEPOIS DE IR AO MÉXICO...
     


       Foram 11 dias incríveis, sendo a maioria deles passados na Cidade do México, capital do país. A maior cidade da América Latina exala História pelos poros! E como eu amo muito isso! A cidade é bastante limpa e arrojada. As pessoas que conheci pelas minhas andanças eram muito educadas e simpáticas. Elas só tinham um problema: falava muiiiiito rápido! Foi muito dificultoso compreendê-las. E para completar, o espanhol mexicano sofreu uma grande influência da língua náhuatl, do tronco Azteca. O que isso significa?! Significa que várias palavras do cotidiano se tornam difíceis de entender, pois elas são de origem indígena! Ítens de alimentação, cujos significados eu saberia facilmente em espanhol de Espanha ou da Argentina, eu jamais saberia no espanhol do México sem perguntar aos locais! Foi um grande aprendizado!
        Me hospedei em um hostel perto do Monumento à Revolução Mexicana, próximo à estação de Metrô Hidalgo e com linhas de ônibus e de Metrobus (BRT) próximas. Posso afirmar que fiquei em um lugar com fácil acesso para outros pontos da cidade. Logo no primeiro dia em que cheguei, quis dar uma volta pelo Centro Histórico, também conhecido como Zócalo, que ficava a cerca de 20 minutos a pé de onde estava hospedada. Há diversos museus por lá, o que daria um passeio de praticamente um dia inteiro. Depois, peguei o metrô e o trem ligeiro (VLT) e parti para o Estádio Azteca, palco da vitória do Brasil na Copa de 1970. Existe um tour bastante interessante por lá.


Eu, no Estádio Azteca



       Tirei um dia inteiro para conhecer o Bosque de Chapultepec e seu Castelo, que foi residência do Imperador Maximiliano e da Imperatriz Carlota. No bosque, há outros museus, tais como o imperdível Museu de Antropologia. 


Zócalo



      Andei de "trajinera" nos canais de Xochimilco, visitei o Museu Frida Kahlo no bairro de Coyoacán, visitei a Basílica de Guadalupe e as ruínas Aztecas de Teotihuacan... Ufa! Fiz muita coisa nessa capital! Depois, parti para Cancún, o destino preferido da maioria dos brasileiros. Foi lá que finalmente consegui relaxar, pois essa viagem foi super agitada. Me hospedei em um hostel no Centro, pois a Zona Hoteleira é caríssima! Tive a impressão de que, quem fica nessa região, não tem a menor noção do que é Cancún! É um mundo a parte, isolado do coração da cidade.
      Tirei um dia para ir à Chichen Itzá, uma das 7 maravilhas do mundo. Trata-se de uma velha cidade Maya. O que mais me impressionou foi a pirâmide Kukulcán, que é um grande calendário. Existem muitos detalhes sobre ela. Aos interessados em conhecê-la, recomendo que busquem em sites ou em livros de História. Também matei a vontade de mergulhar em um cenote, uma espécie de rio que era um dos muitos locais onde os Mayas faziam seus sacrifícios. Os outros dias foram aproveitados à beira-mar, bebendo sucos e comendo sanduíches.

Xochimilco

Playa Marlines

Pirâmide Kukulcán, Chichen Itzá

Eu, nadando em um cenote, nos arredores de Chichen Itzá




         Antes de voltar para casa, passei mais um dia na capital. Vale mencionar que aquele México, muito católico e tradicionalista, ainda existe! Vide as várias festas de debutantes que vimos pela cidade: meninas com belos trajes de gala, acompanhadas de suas damas e cavalheiros devidamente trajados. Algumas, pulavam com amigos nos tetos solares de limousines. Os transeuntes as saudavam. Aqui no Brasil, as festas de debutantes mudaram muito e muitas meninas preferem nem fazer festa. Além disso, vi várias noivas floridas, fotografando nos monumentos da cidade. Casamento na igreja, de véu e grinalda, ainda é forte no México, assim como no Brasil.
         Os homens mexicanos são super vaidosos. Vide as prateleiras dos supermercados, repletas de produtos masculinos que não existem no Brasil. Mas um detalhe me chamou atenção: potes enormes de gel, prometendo "fixação espetacular". Menininhos, adolescentes, jovens, idosos...TODOS usam gel! Já as mulheres, são obcecadas por maquiagem. Achei exagerado, pois muitas pareciam palhaças, rs!
         Os pratos de comida são tão bem servidos que resolvi dividí-los com meu namorado. Cheguei à conclusão de que o povo do México e exagerado em vários sentidos, inclusive no drama, rs!
         Os mexicanos amam ler. Há diversas livrarias,  por toda parte, em cada quarteirão na capital! Além disso, há vendedores ambulantes dentro metrô, que anunciam livros a Mx$10 (cerca de R$ 2,50). Detalhe é que são livros novos! E Paulo Coelho é ídolo!
         A figura da "abuela" continua firme e forte, por influência da cultura Maya, essencialmente matriarcal. Mas tem um outro México que poucos brasileiros conhecem. Eu vi muitos casais homossexuais por lá, em diversos lugares. Muitos, inclusive, se beijavam em público, dentro de restaurantes, coisa que vejo muito pouco no Rio. Para os radicais (feministas, principalmente) que adoram dizer que o México é um país ultra machista, está na hora de rever seus conceitos!
         Pretendo voltar ao país, desta vez para visitar Guadalajara e Mérida. Recomendo!






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