sábado, setembro 02, 2006

O caso do ônibus

"Todo o cuidado é pouco..."
"Há pessoas que se enervam por qualquer coisinha e...
cometem grandes barbaridades..."

UMA HISTORINHA ESCRITA POR MIM PRA RELAXAR...OU NÃO!!!

Quem é carioca ou,mesmo que não seja,mora no Rio,sabe a aventura que é andar de ônibus nessa cidade.Ainda mais quando essa viagem se dá na Avenida Brasil.É um verdadeiro "Deus-nos-acuda"!Nunca se sabe se sairemos vivos ou mortos!Todo o cuidado é pouco!Isso porque porque há muitas pessoas que se enervam por qualquer coisinha e,como conseqüência disso,cometem grandes barbaridades.
Lembrei-me de um caso,ocorrido no ano passado,mais conhecido como "O caso do ônibus".Foi numa manhã chuvosa de terça-feira,uma mulher que se chamava Nadja pegou um ônibus para ir ao trabalho.Eram seis e quarenta,ela já estava atrasada e por isso,pegou esse ônibus,com ar condicionado,mais caro.Estava super-lotado,mas para ela,não fazia diferença:seu objetivo era chegar o mais rápido possível na firma e não ter seu salário descontado.Entrou,pois,no ônibus e pagou a sua passagem normalmente.
Depois que o ônibus já tinha começado a andar,ela resolveu passar na roleta.Só que nem passou pela sua mente de que,esse ato tão banal a traria um problemão.Havia uma mulher impedindo que ela passasse e então Nadja,toda educada,pediu licença.A mulher disse:"não vou te dar licença,não!"E Nadja repetiu,ainda calma:"Me dá licença,por favor?!".E a "dona":"Você não está vendo?Onde eu vou ficar quando eu te der licença?Não tem espaço nem pra eu me locomover!".Nadja começou a resmungar:"meu Deus!Quanta ignorância!"E a mulher retrucou:"ignorância é sua que não quer entender!".Nadja não gostou.Poxa,gente,ela pagou mais caro para chegar mais rápido(o ônibus com ar-condicionado foi o primeiro a passar no ponto) e ainda por cima estavam impedindo que ela passasse na roleta!Isso é injusto!Essa mulher é uma egoísta!
Depois de ter conjecturado sobre tudo isso,Nadja deu uma boa olhada na mulher.Olhou-a de cima a baixo.A mulher devia ter seus 40 anos,tinha acne(olha só!),os cabelos foram "chapados"(pois ninguém,exceto eu,é feliz tendo cabelos crespos!),usava uma calça e uma blusa super-coladas no corpo e...foi aí que Nadja percebeu;A MULHER ERA UMA BALEIA!!!UMA BALEIA DE UNS 150 QUILOS!UMA BALEIA!AGORA TUDO SE EXPLICAVA:ERA POR ISSO QUE ELA NÃO QUERIA LHE DAR LICENÇA!!!ERA UMA BALEIA INVEJOSA!!!FICOU COM INVEJA E RAIVA DO CORPINHO DE SEREIA DE NADJA...AQUELA DESGRAÇADA!!!!
Depois desta constatação,Nadja ficou com mais raiva ainda.Aquelas mulher tinha que lhe dar licença,seja por bem,seja por mal!"Eu tô pagando!Ela que se vire pra me dar licença!"
Nadja lembrou-se de que na sua bolsa havia um canivete suíço.Discretamente,tirou-o da bolsa,o encostou na barriga da Baleia e sussurrou:"se você não me der licença,eu enfio esse canivete na sua barriga!É bom não gritar!"A mulher,mais uma vez,disse:"NÃO!"Iiiiihhhhh!!!!!Mas essa mulher nem faz idéia do que Nadja era capaz de fazer!!!"Ela está me desafiando!"."Corajosa,ela!".Deu novamente o recado e ela disse que não, de novo.Nadja nem pensou mais:ficou tão furiosa que ENFIOU O CANIVETE NA MULHER,TOTALMENTE SURTADA E DESCONTROLADA!Os passageiros ficaram em estado de choque.O motorista não sabia o que fazer!Ninguém ousou controlar a sua fúria!Todos estavam com medo!ENFIAVA E COLOCAVA VÁRIAS VEZES O CANIVETE NA MULHER,na baleia,um misto dos dois.Nem sabia mais o que era!
NADJA MATOU A BALEIA!!!!!
No meio da Avenida Brasil,o motorista parou o ônibus e mandou todos os passageiros descerem.E Nadja,como se fosse a coisa mais corriqueira o mundo,DESCEU DO ÔNIBUS ARRASTANDO A QUELE CADÁVER PERFURADO DA BALEIA PELOS CABELOS!DESCEU COM CLASSE,COMO SE TIVESSE ACABADO DE CUMPRIR UMA MISSÃO ESPECIAL.
Foi para o meio da pista e chamou um táxi:AMEAÇOU-O COM O SEU CANIVETE SUÍÇO A ACEITÁ-LA COMO PASSAGEIRA(NÃO SÓ ELA COMO O CADÁVER DA BALEIA).Ele não teve escolha!Então,Nadja pôs aqueles "restos de vida" no porta-malas e entrou no carro.Pediu para que a deixasse em sua casa !O taxista assim o fez!
Chegou em casa,pagou a corrida,e o homem se foi;não sem antes entrar com o carro na garagem de Nadja ,pois ninguém poderia ver o cadáver.Nadja retirou o corpo do porta-malas e o estirou no chão.
Pensou em como dar um fim a ele!
NADJA ERA EXCELENTE MARCENEIRA,aliás,esse é o seu hobbie.O que ela deveria fazer era UM GRANDE BAÚ PARA PÔR A BALEIA.Pegou uma fita métrica,tirou as medidas da desgraçada:1,65cm de altura e a largura eu não me lembro...sei lá!Pegou a madeira e começou a cerrá-la...Pronto!O baú ficou lindo!Depois,colocou a Baleia dentro dele e o fechou bem!
Abriu o porta-malas do seu carro e enfiou o baú lá!Ligou o carro e se mandou!
"Onde será que vou jogar o baú?",pensou."Acho que vou jogar no Canal do Cunha"(aquele perto da FIOCRUZ).Não pensou duas vezes:parou sua Pajero alí no Cunha e,sem dó nem piedade,como que possuída por um demônio,ARREMEÇOU O BAÚ!SENTIU-SE BEM,LAVOU A ALMA!
No dia seguinte,todos os jornais do Brasil noticiaram que um estudante de Letras da UFRJ viu um baú boiando na Baía de Guanabara,nas imediações da Ilha do Fundão.O rapaz achou estranho,chamou a polícia e quando a polícia chegou e abriu o baú,HAVIA UMA BALEIA EM PUTREFAÇÃO!


ESCREVI ISSO,POIS HÁ UMA BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL!ESSE É O NOSSO COTIDIANO!PENSEM E COMENTEM!

15 comentários:

Anônimo disse...

Gabi! seu blog está ótimo!!!! como sempre!!!

Anitche disse...

é triste como ver como não existe mais o respeito à dignidade do outro... as pessoas estão cada vez mais egoístas, preocupadas com o seu prazer, com o ter e o poder...

bom domingo!

Paz e Bem,

Anônimo disse...

Olá Gabby. Muito interessante o seu blog. Vi seu blog através do blog do Rogério e achei muito interessante. Se puder, dá uma passadinha no meu blog, porque pelo visto acho que precisamos nos conhecer virtualmente, já que eu e o Rogério estaremos no rio em setembro (e é de férias, viu!). Sou a esposa dele. Prazer em conhecer o seu blog.

Um abraço.

Renata

Kafé Roceiro disse...

O texto realmente retrata a banalização da violência! Muito legal...Não estava te visitando porque te linkei como detudoumpouco e caia em outro blog. Hoje é que fui ver que tem um rj no final. Beijos e já achei seu poema do Drummon. Depois posto.

João Silva disse...

Para mim, pior do que a violencia estar banalizada é ver as autoridades responsáveis pela protecção dos cidadãos(policias e governo)aceitarem a existencia dessa violencia como se de uma coisa normal se tratasse!

Anônimo disse...

Obrigada pela receptividade. Em breve estaremos aí. Beijos, Renata

Anônimo disse...

Que história horrivelmente fantástica! Parece coisa do Nelson Rodrigues. Aconteceu mesmo?! E a moça ainda tinha uma Pajero... Isso eu achei surreal. Alguém que tem um carro de mais de R$ 60.000,00, andar de ônibus e ainda por cima não ter discernimento. Afinal, ela foi presa? Haviam tantas testumhas...O motorista, os passageiros, o taxista...

Gabriela Barbosa disse...

GENTE,ISSO É FICTÍCIO!!TEM GENTE PENSANDO QUE EU VI ISSO EM ALGUM LUGAR:EU INVENTEI ESSA HISTÓRIA!

Eulalia disse...

Gabi adorei o texto! Escrever é a arte de conduzir o leitor a emoções reais através de fatos reais ou fictícios. Só fiquei penalizada pela baleia!
Bjs

Pathy disse...

Oi Gabi!!
Aproveitei a chance na net e passei pra deixar um OI!!
Essa sua história é fantástica - vc devia fazer teatro!!! hihihih

Bjo

Luiz Alberto Machado disse...

Olá, pessoalinda, este seu espaço é apaixonantemente maravilhosa. Parabens. Deixo um um poemiudinho por gratidão:

Coração de mulher:
a flor que nasce do sol
e realiza a vida.

Beijabrações
www.luizalbertomachado.com

Anabela disse...

A menina Gaby anda a ver muitos filmes... violentos!
Tem que assistir menos a televisão... senão isso vai lhe fazer mal.

Somente a Arte consegue imitar a Vida... e por vezes mal o consegue.

Essa rapsódia, de crimes urbanos, escrita pela Gaby é fruto de muita imagem tenebrosa que povoa as mentes das sociedades actuais dos países ditos desenvolvidos mas que mais não são que "em vias de desenvolvimento".

Afinal parece que já não estamos integrados numa sociedade da Informação, mas sim do MEDO.

Pessoalmente não apreciei alguns epítetos que a Gaby atribuiu à personagem da história do autobus... Afinal, se a história foi inventada por si, é você a narradora omnisciente, que não entrou na acção mas que conhece a história que está a narrar... A "baleia" foi baptizada por si, não pela outra personagem que faz parte da mesma história...

... BALEIA?! Parece-me pouco bem.

Foi você quem chamou à pobre da personagem este triste nome! não foi a outra personagem, pois não?

Mas claro, a história é sua, você chama à pobre da mulher o que bem entender.

A mim, pareceu-me que a Gaby, como narradora dessa história, revelou-nos a todos que é um pouco discriminadora... E como todos sabem, um narrador coloca sempre nas suas palavras um pouco de si. É inevitável.

De qualquer forma, fez bem em referir essa violência urbana que se vive um pouco por todo o lado, mas mais aí, no Brasil.

Não me esqueço do jovem português que, este Verão, esteve aí no Rio de férias com os pais, e foi esfaqueado até se esvair em sangue, em plena luz do dia... É um horror!
O povo brasileiro tem que lutar por um país com mais segurança e qualidade de vida!

Desculpe a sinceridade, mas não sei ser diferente disto.

Anônimo disse...

Opá!
Um pouco de pimenta na receita!!!
Acho legal essa troca de experiências e idéias. Só não entendo o tom um pouco agressivo nas falas.
Sinceramente eu não creio que a "menina Gabby" tenha escrito esse texto devido ao fato de

"A menina Gaby anda a ver muitos filmes... violentos!"

e não acredito também que ela

"Tem que assistir menos a televisão... senão isso vai lhe fazer mal."

Na verdade sei que isso é uma provocação consideravelmente leve. No enteanto tenho uma outra visão da questão.
Entendo que a violência descrita por ela nesta estória sureal não reflita apenas a violência de um Brasil ou de um estudante morto covardemente nas praias do Rio. Ela traz um pouco da realidade que vitimiza a sociedade desde o advento do século XX. Não que não houvesse violência em séculos anteriores, mas falo da nova relação estabelecida com a violência depois de genocídios e afins.
É uma violência que nos assedia não só nos filmes, ou na tv, mas algo que observamos sem notar no próprio fato de o ser humano tolera a violência contra seus semelhantes. A Agressão e o assassinato ocorrem num ritmo lento. Ninguem impede!
Os EUA invadem um país qualquer em nome da democracia torpe que devendem e a ONU esboça apenas um puxão de orelha. Genocídios ocorrem na África e observamos (sim nos individualmente e toda a humanidade)chocados e atônitos na sala comendo pipoca ou fazendo as unhas.
Não é o ato absurdo de se tirar a vida por um motivo banal é o fato de se fazer isso sem que alguém de fato intervenha. Essa é a violência.
Posso parecer chato, mas não me sai da mente também a imagem de Jean Charles de Menezes.
Acho que não posso comparar a violência urbana do Brasil com a violência urbana de outros países como Inglaterra, França, Estados Unidos e até Portugal. Mas vejo a violência descrita por Gabby como algo que reflete algo mais do que a visão de uma brasileira sobre a banalização da violência. É uma caricatura. Um ponto de referência (bom ou razoável)para se pensar a SOCIEDADE HUMANA hoje.
Uma facada no^ônibus aqui, a explosão de uma "Corta Tulípas" ali
, as víceras de um terrorista espalhadas acolá. Tudo isso é uma violência só.

Posso parecer um defessor da Gabby. Mas na verdade é meu ponto de vista.
Eu gostei muito dos seus textos Anabelacps. Por mais que não concorde com alguns pontos de vista.Eu acho que novas e boas coisas nascem de conflitos como esses. Espero que as duas mantenham esse conflito num campo mais diplomático.
Acho que para qualquer blogueiro críticas como essas são como estímulos. Na verdade é gostoso sentir o vento soprar um pouco em outra direção.
Desculpém se ofendi alguém!!!

Qualquer discussão meu e-mail é felipe.clio@gmail.com
Inté!!!

João Silva disse...
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Fabio silva disse...

desculpe, mas não sei se é pra chorar ou pra rir, pois me lembro de um filme chamado a casa maldita que um ser de moto serra acaba com uma mulher , dirimamos de extravagante beleza renascentista, como A BALEIA narrada acima...huahuahuhauhua

ps: O filme´era muito trash.....